Por que Butterfly?
Em 1984, há 19 anos, fui convidado pelo Sr. Issui Takahashi, então presidente da Comissão Intercolonial para ser o Diretor Técnico do Torneio. Nesta época eu ainda trabalhava como engenheiro de produção e nunca pensei em viver do tênis de mesa. Acreditem se quiser, as inscrições vinham em papel cor de rosa, tipo papel de pão, com letras ilegíveis. O torneio aceitava inscrições na última hora, as regiões não colaboravam, alteravam a todo o momento os nomes dos atletas, erravam as categorias, não vinham com a data de nascimento, mudavam as equipes, queriam inscrever jogadores no dia do evento e tínhamos muito trabalho para organizar esta competição.
Graças ao apoio do Sr. Takahashi, que aprovou as medidas adotadas pela Diretoria Técnica de mudar o critério de inscrição em fichas padronizadas, criar o Congresso Técnico, fazer cumprir com rigor os prazos e outras, conseguimos chegar neste estágio atual. Enfrentamos muitas brigas, com base no regulamento, para moralizar o evento e chegamos até a recusar inscrições, imaginem a repercussão. Porém, a falta de dinheiro e tempo prejudicavam o desenvolvimento e crescimento do mesmo. O desgaste da comissão era tão grande que não conseguíamos encontrar colaboradores (membros para integrar no grupo de organizadores) e dia-a-dia o desânimo aumentava.
O Sr. Gilberto Kosaka assumiu a presidência e os problemas da falta de verba continuavam; a gota dágua foi o momento em que o Intercolonial em 1989, os membros Minako Takahashi, Massaru Morita, Haruo Mitida, Marcos Yamada, Gilberto Kosaka tiveram que emprestar dinheiro para organizar o Intercolonial e as regiões ainda reclamavam da má organização da competição. (todos recebiam o $ de volta sem os juros, pois não havia caixa e estávamos numa época em que a inflação era de 16 a 20% ao mês). Gerou-se então um descontentamento geral da comissão, pois trabalhávamos muito por nada e ainda éramos criticados. Não é fácil realizar um campeonato deste porte. A decisão de desistirmos de fazer este evento estava por um fio, quando o Sr. Kosaka teve a brilhante idéia e a ousadia de num congresso técnico propor um aumento para U$ 10 na taxa de inscrição e conseguiu junto ao Sr. Hirokazu Furuya um patrocínio da Butterfly para este evento.
Em 1991, com a decisão repentina do Sr. Kosaka de abandonar a presidência da Comissão fui eleito o Presidente sem ter me candidatado, e sem direito a recusar esta votação. Tive que aceitar este cargo por um dia, e, conforme a ata de 1991, pude convocar uma reunião extraordinária no domingo para pedir a minha demissão, pois neste ano eu havia abandonado a minha carreira de engenheiro e iniciado uma atividade comercial com materiais de tênis de mesa. Ainda neste ano, tentamos achar um Presidente e convidamos várias pessoas para tal, sem obter sucesso. Então no congresso decidiu-se manter um trio que comandaria o Intercolonial: Sr. Massaru Morita na Diretoria Financeira, Sra Minako Takahashi na Operacional e eu na Diretoria Técnica, evitando-se assim os falatórios de que usaríamos influências para beneficiar um ao outro.
As mudanças surtiram efeito e começamos a realizar esse evento em outras cidades, tais como: 1992 Maringá-PR, 1993 Ibirapuera-SP, 1994 Maringá-PR, 1995 UCEG-SP, 1996 Volta Redonda-RJ, 1997 Londrina-PR, 1998 Campo Grande-MS, 1999 Arujá-SP, 2000 Campo Mourão –PR, 2001 Ibirapuera-SP, 2002 Marilia- SP, 2003 Goiânia – GO, 2004 Mogi – SP e graças à ajuda da BUTTERFLY o Campeonato obteve mais recursos, ganhou porte e principalmente "Caixa" (dinheiro) para respirar. Os balancetes são sempre apresentados nos congressos técnicos pelo nosso Diretor Financeiro, Sr. Morita e debatidos por todos os líderes das regiões.
Ano a ano melhoramos a qualidade do evento sempre com mesas novas, placares, suporte, redes, treinamentos gratuitos com técnicos do Japão, materiais mais baratos para os atletas no dia do evento; premiamos atletas com viagens aos EUA (US OPEN – Fernando – GO, Juliana – SA, Hideo – CP), aos Pan Americano Nikkey (Argentina 1992, Peru 1995 e 2003), premiação em US$ para vários atletas, ajudando-os nas despesas de viagens e PORQUE A BUTTERFLY nos ajuda a 15 anos sem falhar é que nos pudemos reinvestir nestes eventos. O mais importante é que no Congresso Técnico são tomadas decisões sobre questões polêmicas através de votos das regiões. Resumindo, são muitos anos de colaboração da Butterfly, iniciando num momento difícil do Intercolonial e, como uma forma de agradecimento, estamos mantendo este patrocinador até hoje. O Sr. Ivan Passos, ex-presidente da Confederação Brasileira me disse uma vez com muita propriedade: "A Gratidão não tem Preço" e não temos memória fraca!
Mas asseguro que a Comissão não esta fechada para propostas de outras marcas, que queiram vir para somar e ajudar o Intercolonial; basta encaminha-la para a Coordenação e as mesmas serão votadas em Congresso Técnico. O mais importante é que a outra empresa firme um contrato para um longo período e não use o artifício de "oferecer muito, por pouco tempo" e assim voltarmos, novamente, a enfrentar dificuldades financeiras.
Acredito que estes esclarecimentos são de grande valia aos participantes, para o melhor conhecimento da história do Intercolonial, principalmente para aqueles que não têm chance de participar dos congressos técnicos. Vamos ajudar a manter estes 54 anos de torneio idealizado pelo Sr. Haruo Mitida.
Marcos Yamada
Diretor Técnico desde 1984